Lendas de Auriana: A Lenda da Criação

Através da contínua dança de Sol e Lua, caminhando lentamente pelo fluxo ininterrupto das gerações e além, as histórias são levadas, a fim de não naufragarem num interminável mar de esquecimento daqueles que já partiram. Essas são as lendas do fantástico mundo de Auriana, passada adiante por todo aquele que mantiver a chama do Octaurium brilhando em seu coração, aquecendo a sua alma...



De uma imemoriável época, uma grande esfera brilhante surgia em meio a uma infinita nuvem caótica, emitindo euforicamente rajadas douradas que iluminavam uma escuridão interminável. Assim nasceu, a partir do caos, Solaris, Deusa da Luz e da Criação, a Grande Mãe. Enquanto eras se passaram e a ordem era estabelecida no universo, a Deusa cultivou em seu interior iluminado seus oito filhos, e num dia glorioso, lhes foram dados à luz.

Os filhos de Solaris eram seres divinos de incrível poder e amadureceram como entidades extremamente inteligentes e criativas. Inspirados pela sua natureza, os oito irmãos se uniram para criar seu próprio mundo.

Henkish, o Íntegro, trouxe para si toda a poeira das estrelas que seus olhos alcançavam no horizonte sombrio e em suas mãos firmes agregou tudo em uma esfera perfeita.

Valquira, a Guerreira, montou em seu dragão Vulcano e rumaram com toda sua força, ardendo em chamas como um cometa, adentrando no núcleo da esfera e fazendo toda a poeira estrelar incandescer.

Minel, o Criativo, usou todo seu talento e potencial para dar àquela grande esfera flamejante as formas mais belas que poderiam ser idealizadas. Trabalhando minuciosamente cada canto, dosando cada material e a força de cada martelada, esculpiu todo o relevo de Auriana em torno dos Dez Pilares do Mundo.

Aquim, o Livre, usou a força de sua musica para trazer ordem à caótica nuvem que recobria o mundo. Compôs uma obra prima e conduziu sua Sinfonia dos Ventos, a orquestra majestosa que deu a dinâmica perfeita aos ares do novo mundo.

Noríbia, a Sábia, usou seu brilhantismo impecável e separou a água do ar, em grandes nuvens, e delas liberou eras de tempestades torrenciais, que esfriaram e lavaram as terras forjadas por Minel, depositando-se, por fim, nos abismos infindáveis de todo o mundo, criando os mares, lagos e rios.

Asiren, a Silenciosa, viu calmamente a criação até chegado o momento em que toda a agitação haveria de se esgotar. Nessa hora, suspirou seu Sopro da Paz e as terras pararam de remexer, as montanhas pararam de cuspir fogo e as tempestades torrenciais cessaram, conservando tudo o que já havia sido feito com a beleza em que se mantinham.

Elnória, a Bela, vagou pela vastidão estéril até achar um lugar ideal. Ao encontrá-lo, deu o Beijo da Vida no chão, fazendo ali nascer uma muda verde brilhante, o primeiro ser vivo do mundo, de onde os Mensageiros da Primavera haveriam de espalhar a base do sustento de toda a nova vida de Auriana.

Por fim, Dailong, o Equilibrado, meditou eras sobre o mundo e concluiu a Criação com seu toque final, dando à vida o seu caráter triplo, a chamada Tríade Fundamental: Corpo, Mente e Espírito, de forma que a harmonia da própria existência consistiria no equilíbrio balanceado desses três aspectos. Busca-lo seria um desafio único para cada individuo.

Os oito deuses criadores enfim terminaram sua obra milenar, Auriana, a Terra Dourada, banhada pela luz de Solaris, baseada nos ideais do equilíbrio cíclico perfeito e dinâmico. A vida se difundiu e floresceu em todos os cantos do mundo, guiada e protegida pelos seus criadores que, em algum lugar inalcançável, repousam observando atentamente sua bela obra divina...